"Dá-me asas e deixa-me voar" (viagens, Pedro Abrunhosa)
... OTA uma decisão difícil de levantar vôo...
Diga-nos de sua Justiça!
Informação relevante que pode ser consultada sobre o tema AQUI inclui os tão badalados estudos de peritos internacionais sobre a matéria e também diferentes EPIA's
Olhem sobre esta matéria recebi um mail desconheço por completo o autor, mas concordo com muitas das falácias apresentadas.
Perdoem a extensão:
"1. Falácia da Viabilidade
Obviamente, a OTA é viável. Como qualquer operação em regime de exclusividade protegida por lei, com possibilidade de estabelecimento de preços de monopólio, num mercado de dimensão satisfatória em que a concorrência não é autorizada a entrar porque as barreiras legais são impenetráveis.
Há perguntas que o governo não quer ver respondidas. Será a OTA viável se a Portela se mantiver em actividade? Será a OTA viável se o governo autorizar outros grupos a construir e a explorar aeroportos comerciais em Alverca, Rio Frio ou em Tires? Admitindo que a Portela tem a sua capacidade limitada, quais as melhores alternativas criadoras de valor?Precisamos mesmo de receber mais aviões ou é melhor aumentar as taxas aeroportuárias para conter a procura?
Há outra maneira simples de aferir a viabilidade da OTA. Afaste-se a ANA do negócio do novo aeroporto e abra-se um concurso público para um novo aeroporto em regime de "Design, Build, Finance, Operate", sem quaisquer garantias de monopólio, sem prometer o encerramento da Portela e sem qualquer aval sobre financiamentos por parte do estado. Se aparecer algum consórcio a jogo, então a OTA é viável.
Claro que o governo não vai fazer nada disto. O governo vai garantir não só o encerramento compulsivo da Portela como vai entregar o monopólio de mão beijada a um só consórcio, vai também liderar o processo de expropriações e ajudará a viabilizar financiamentos avalizando todos os riscos que se mostrarem difíceis de cobrir.
E mesmo assim a OTA só será viável porque nas contas não se vai entrar em linha de conta com outros custos. Por exemplo, os custos que todos os passageiros vão suportar nas acrescidas taxas de aeroporto; os custos acrescidos de deslocação que milhares de trabalhadores e milhões de passageiros vão ter que suportar para se deslocarem da zona da grande Lisboa para o Ribatejo, o custo da nova auto-estrada que será obrigatoriamente construída (ou o alargamento das actuais) para permitir o maior afluxo de veículos entre a OTA e Lisboa e cujas portagens serão também pagas pelos consumidores ou ainda as perdas sentidas pelo turismo pela menor competitividade da cidade de Lisboa.
É como se diz aqui. Uma nova auto-estrada Porto-Lisboa também é economicamente viável desde que a actual A1 seja convertida numa pista para bicicletas.
2. A Falácia dos Privados
"Estão a ver, olha aqui no DN, estavam todos com problemas por causa do défice, afinal vai ser tudo feito por privados, já os calaram", dizia-se hoje na minha mesa de almoço.
Seria muito bom se assim fosse. Para o projecto Ota ser verdadeiramente privado o estado deve abster-se de garantir aos investidores, mais uma vez, coisas como exclusividade ou monopólios, garantias públicas ou preços garantidos. Em situação alguma o estado deve assinar qualquer contrato, garantia, confortos ou side letters com os concessionários ou com as entidades financeiras que se estão a alinhar para financiar o projecto, para lá nas habituais licenças necessárias para desenvolver qualquer actividade económica.
De outro modo não é privado. É uma mistura de SCUT, em que não se paga no tempo deste ministro mas paga-se no tempo dos próximos, com um utilizador/pagador em que a portagem são os "impostos diferidos" na forma de preços artificialmente altos que serão suportados em excesso pelos consumidores de viagens aéreas.
3. A Falácia das Avaliações.
Ao que parece o governo vai publicar estudos económicos feitos pela banca de investimentos. Não preciso ler os estudos para saber o que por lá consta: a Ota é um excelente projecto, com uma TIR entre 11% e 13%, e com um worst case scenario em que a taxa de rentabilidade baixa para os 7%.
Já fiz muitos do género para saber que é assim. O estado raramente quer saber da viabilidade económica de um projecto. O estado pretende quase sempre algo diferente. Em vez de se avaliar o mérito de um projecto baseado num conjunto de pressupostos, pretende-se encontrar o conjunto de pressupostos que melhor viabilizam o projecto. Nesses pressupostos incluem-se todas as garantias e alcavalas necessárias para tornar qualquer nado-morto sem pés nem cabeça numa apelativa mina de ouro para os investidores.
A banca de investimentos, a quem foi entregue a responsabilidade dos estudos, é um dos principais grupos beneficiários de projectos como o da Ota. Basta fazer contas. 1% a 2% de comissões sobre 4 ou 5.000 milhões, para estudos, consultadorias, fees de montagem das operações e de montagem de sindicatos. É difícil dizer que um projecto destes que nos acena com sorriso tão largo não vale a pena. Vale sempre. Mesmo que seja péssimo para outros, é sempre bom para a banca de investimentos. E neste caso, como em quase todos os outros, quem faz o frete ganha o contrato.
A banca comercial, espera, paciente. Já se sabe que para qualquer pedrinha que se encontre no caminho, há um estado que se atravessa e limpa a estrada. Nenhum banco nacional vai querer ficar fora dos sindicatos bancários. Nem todos conseguirão o convite, mas a maior parte vai ter a sua fatiazinha, na proporção da importância relativa de cada um. Todos os participantes vão conseguir aplicar uma parte significativa dos seus recursos disponíveis num excelente projecto risk-free, suportado pelo grande e descuidado accionista Portugal. Não há nada melhor do que isto. É ver as acções dos bancos em alta, assim que a coisa atingir o ponto de não retorno, à medida que os nomes dos vários sindicantes vão sendo conhecidos nos mercados.
O Project Finance será, como sempre, muito bem estruturado, com todos os riscos privados bem identificados, bem cobertos e, nos casos mais complicados em que as companhias de seguros ou as relações contratuais não o permitem, garantidos pelo pai estado. E durante meia dúzia de anos todos estes bancos vão poder aligeirar as suas estruturas comerciais porque a OTA absorve uma parte significativa das novas carteiras de crédito. Dinheiro aplicado na OTA, a longo prazo, é carteira que não precisa de ser renovada todos os anos no competitivo mercado de crédito português.
Parece que ninguém perde. Mas não é bem assim. Os recursos que vão para a OTA não vão para o resto da economia. Nos próximos tempos, as empresas privadas vão sentir maiores dificuldades em encontrar fundos para os seus projectos e as taxas de juro vão subir devido à diminuição da oferta de dinheiro. Toda a actividade económica vai pagar em juros mais altos a opção OTA. E claro, alguns investimentos ficarão pelo caminho por falta de financiamento disponível.
As empresas que vão dedicar parte significa das suas capacidades ao novo aeroporto, não vão ter a mesma disponibilidade para as alternativas que o mercado exige. Os preços vão aumentar no mercado da construção e nas actividades relacionadas e de suporte. O mercado imobiliário vai ser o mais castigado. Alta do preço da construção a par da alta do preço do dinheiro é um sinal de dias negros para o sector. A verdade é que perdemos quase todos, excepto os bancos e as construtoras.
É por estas e por outras que os estudos que vão ser apresentados pelo governo não valem nem o custo do papel em que são impressos. Afinal, para que é que interessam estudos quando a decisão já está tomada?"
So acrescentaria....se a OTA for para frente está mais que provado que existem lobys fortissimos e dominantes...que só não são denominados por máfia por pudor ou receio.
Após este longo e interessante comentário devo dizer que há algumas coisas com as quais não concordo minimamente começando pelo espírito de quem escreveu e se esqueceu deliberadamente de alguns "pormenores" como são os efeitos positivos desta obra pública na economia, uma obra deste tipo alavanca sempre positivamente uma economia, há exemplos históricos neste sentido. Depois também se esquece que em termos de alternativas de localização, essas existem sempre, e a escolha de um local é sempre polémica, e também quem escreveu deve saber que não é possível explorar ao mesmo tempo um aeroporto como a Portela ou a OTA com, p ex, Alverca, e isto foi dito por peritos do aeroporto de Paris. Quanto a questões de concorrência também não penso que o que se escreveu seja muito sério pois o monopólio existente e que continuará é mais do que natural e assim acontece em todo o Mundo. A concorrência que terá de haver é em termos de aviões e não de estrutura. A Portela para ser alargada teria de, p ex destruir 11 mil fogos habitacionais, sim, são 11 mil, com os custos que isso acarretaria.
Quanto à falácia dos privados ainda concordo menos com o que se escreve. Há uma parceria público-privada clara, não é totalmente privada e nunca poderia ser. Uma obra desta envergadura tem sempre de ter a garantia do Estado. E o autor do texto sabe-o pois fala do Project Finance que será o suporte de toda a engenharia financeira e este instituto é crucial para o bom desenvolvimento do projecto. E o projecto não é exclusivamente privado, mais, passará a ser público a partir de 2039, altura do fim da concessão. Este período de concessão é sempre necessário, é um dos pressupostos do Project Finance numa análise de Build Operate and Transfer normal neste tipo de obras, é a garantia de financiamento da obra por parte dos privados. Mais, este sistema é o usado recorrentemente em obras de grande relevo como foi a ponte Vasco da GAma, os Estádios do EURO 2004 e até de alguns hospitais. É normal que os privados tenham lucros, não poderia ser de outra forma. Algum privado arriscaria num projecto sem retorno? Mais importante do que isto é que com um bom Project Finance blindam-se riscos, financiamentos e dinheiro entrado. Há um ring fence que evita que haja transferências de dinheiro de dentro para fora do Porjecto mantendo a sua viabilidade financeira intacta. O que se financia é mesmo o Porjecto e não as empresas que o constituem. Apesar de estar a alongar-me devo dizer mais uma coisa, sim, as taxas de juro vão subir, mas vão subir na zona Euro como já está projectado para agora. Os recursos que vão para a OTA não iriam para outro lado, ao contrário do que o autor afirma, e vão para ali por ser um bom projecto. Depois diz que pelos vistos perdemos todos mas será que perdem as pessoas que estão desempregadas e terão ali uma oportunidade de emprego? Será que perdem as empresas que terão ali oportunidades de negócio? Será que perde a economia por ter ali um projecto que mexe com todos os sectores de investimento? Porque é disto que se trata... investimento que, numa altura de quase recessão é importantíssimo. Por tudo isto, creio que, apesar de ser um texto interessante não deixa de ser demasiado tendencioso e peca por falta de rigor. É uma opinião, como também é esta, mas temos de tentar ver as coisas na sua globalidade. Outro pormenor: este aeroporto já se sabia que iria ser feito, só faltava saber quando é que haveria um Governo com coragem de o assumir em vez de facilmente o adiar.
Respeito a sua opinião, no entanto há uma série de paragrafos que gostaria perceber melhor no seu comentário.
A primeira será, O dr Paulo Marques concorda com a construção do aeroporto na OTA? (constitui aquele a melhora opção para a construção do novo aerorporto, nunca pos em causa que um novo aeroporto é necessário)
A segunda prende com o retorno que a construção naquele local representa versus alternativas? Aqui poderão ser questionados os meios de acesso a lisboa, será admissivel para um visitante espanhol, por hipotese, perder o mesmo tempo da OTA a lisboa do que do aeroporto de madrid à OTA?
(Rio Frio por exemplo), também neste ponto fiquei sem perceber se o dr Paulo Marques é da opinião que ali é efectivamente o mais rentavel?
(a associação de turismo calaculou uma perda de cerca de 16% de receitas vindas do turismo em lisboa, um estudo apresentado pela mesma equipa, que o dr Paulo cita, afirma que cerca de 12% dos passageiros hesitaram ao saberem a distância que os separa do lisboa, aliás este estudo e números foram amplamente debatidos na Sic Noticias por uma série de entidades envolvidas ou conhecedoras da matéria.)
Relativamente a toda a engenharia económica (de que são ex. Project Finance, Ring Fence,Business Cases, e outros estrangeirismos)tenho as minhas dúvidas quando se fala de uma empreitada que poderá escalar aos 3000 milhões de euros (fonte: NAER)e citando-se como argumento outras obras emblemáticas onde a derrapagem com o mesmo tipo de medidas foi aquela que sabemos (daria como exemplo o estádio do braga onde rodou percentualmente 150% de derrapagem)...sabe nestas situações e nestes valores é necessário avaliar as hipóteses que temos e assegurar que é a MELHOR SOLUÇÃO.
Como alguém escrevia ontem num jornal, a decisão da localização é sempre em última análise, política. E também, pela mesma ordem de razão, criticável. Quanto à distância,serão 20 minutos creio eu, logo, é pouco relevante até porque terá comboios e estação de TGV. Depois quanto aos estudos em relação a turismo há vários e alguns até contraditórios mas, naturalmente também não creio que os turistas quando ponderam ir a Lisboa estejam a pensar ou a informar-se quanto tempo se leva do aeroporto à cidade ,será o aeroporto de Lisboa. Como alguém dizia ontem, quando a Portela foi escolhida, o mesmo argumento foi utilisado... ficava longe. Por isso aceito a decisão OTA sem dramas, como aceitaria qualquer das outras, não sou especialista na matéria. Agora, quanto ao que fala em último das derrapagens, apenas lhe digo q nesse caso que menciona como em outros quanto teve o Estado que pagar a mais pela derrapagem? Zero. Essa é a realidade. E esta é também a vantagem desta engenharia económica, quem está dentro do Projecto é q acarreta com as consequências de eventuais derrapagens e prazos. Espero que tenha sido claro, mas se não fui, peço desculpa.
Lobys e mais lobys? São eles que mandam em qualquer país! Como é possível estar tanta gente contra a OTA por exemplo, grandes economistas, grandes empresários como Ludugério Marques e Belmiro de Azebedo, fez-se um grande debate no Pós e Contras à tempos na RTP1…dizem os entendidos que só permite e X numero de pistas e de mangas…não permite a sua expansão, porque as características do terreno não permitem o alargamento futuro…mas insiste-se … quem manda os LOBYS…
Localmente por exemplo! Foi feito algum estudo de mercado para sabermos a viabilidade económica ou financeira do Auditório Municipal Carlos Paredes (este senhor deve ser do concelho para ter tal honra???). Não! Alguém sabe quanto custa ao concelho manter este elefante branco a pão de lõ? È bonito ter cultura…é sim senhora…mas existe GENTE…para manter isto. Já repararam que Vila Nova de Paiva está deserta, parece uma vila fantasma…poucos alunos, pouco comercio, pouca construção…não seria melhor aplicar o dinheiro dos nossos impostos em investimentos vitais? Sabiam que o parque industrial não tem lotes para atribuir? (não esquecer que aqui o sr. Eng.º Diogo Pires esteve muito bem, pegou num monte de terrenos cheios de pedras e começou um verdadeiro parque industrial, mas na promoção deste esteve muito aquém). E, se aparece uma boa empresa com intenção de se instalar, como é que é? Vai-se embora? Perde-se a oportunidade de criar 40 ou 50 locais de trabalho directos. Vão estas pessoas continuar a ir para fora? Só porque temos que manter vivo um elefante e parece mal mandar fechar a porta? Cultura para 12 pessoas? E as outras 3.000 pessoas? Vamos apontar uma pistola à sua cabeça e obrigá-las a vir ao teatro? Sabiam que se gastavam rios de dinheiro em publicidade para o auditório, correios, gráficas, logótipos, alimentação, dormidas, etc….(…)… e qual foi o RETORNO???? …ZERO…proponho que se gaste este dinheiro em publicidade a promover o concelho, a atrair empresas para o concelho, dar melhores condições às empresas e comerciantes para se instalarem em Vila Nova de Paiva. Nós temos que dar melhores condições que o Sátão, Moimenta e Castro Daire, senão elas vão para lá. Se assim não for …AMEN…
Após ter lido vários artigos e de me ter documentado, acho que é unânime a opinião de que é necessário tomar alguma decisão relativamente ao aeroporto da Portela. Agora daí até se construir um aeroporto novo, ainda para mais na OTA já não me parece concensual.
Na minha humilde opinião estamos perante mais um elefante branco tão tipico dos Portugueses. Queremos parecer grandes aos olhos europeus, mas deviamos em primeiro lugar arrumar a casa e só depois tratar do resto, 1º está o essencial e só depois vem o acessório, pq apesar de não ser Eng Civil uma casa constroi-se pelos alicerses e não pelo telhado.
Pq será que apenas a classe politica no geral e um ou outro debutante defendem acerrimamente o novo aeroporto na OTA ? Pq é que as pessoas da sociedade quer sejam de esquerda ou de direita criticam tanto esta tomada de decisão ?
Já aqui foi dito que este foi o governo que resolveu o assunto, mas meus amigos entre não resolver ou resolver mal o que será melhor ? Venha o diabo e escolha. Pq as contas são fáceis de fazer: estamos perante um investimento que custará varios mil milhões de euros, mt dinheiro portanto. Para quem não sabe se o aeroporto for feito na OTA, tal como o projecto está actualmente daqui a 30 anos, ou melhor depois de estar construido, passado 30 anos será necessário aumentar o novo aeroporto, e o actual local é exiguo e não suportará mais que duas pistas. Relembro que o aeroporto de Barajas em Madrid acabou de ser construida a 5ª pista e existe um em Denver nos EUA que já vai para a 12ª pista. Isto para não falar dos variadissimos estudos que dizem que a nivel de ventos aquela zona não é muito boa.
Qt ao financiamente, fala-se que a União Europeia irá pagar grande parte. Mentira... Isto só será verdade se o estudo investimento/retorno atingir uns dados parâmetros definidos por eles, parâmetros esses que são metas muito altas, para além de que este estudo ainda nem sequer foi feito.
Por isso, NÃO ao aeroporto na OTA, NÃO aos elefantes brancos, NÃO à pequenez de quem nos governa e sobretudo NÃO ao clientelismo politico... Até breve
7 Comments:
Olhem sobre esta matéria recebi um mail desconheço por completo o autor, mas concordo com muitas das falácias apresentadas.
Perdoem a extensão:
"1. Falácia da Viabilidade
Obviamente, a OTA é viável. Como qualquer operação em regime de exclusividade protegida por lei, com possibilidade de estabelecimento de preços de monopólio, num mercado de dimensão satisfatória em que a concorrência não é autorizada a entrar porque as barreiras legais são impenetráveis.
Há perguntas que o governo não quer ver respondidas. Será a OTA viável se a Portela se mantiver em actividade? Será a OTA viável se o governo autorizar outros grupos a construir e a explorar aeroportos comerciais em Alverca, Rio Frio ou em Tires? Admitindo que a Portela tem a sua capacidade limitada, quais as melhores alternativas criadoras de valor?Precisamos mesmo de receber mais aviões ou é melhor aumentar as taxas aeroportuárias para conter a procura?
Há outra maneira simples de aferir a viabilidade da OTA. Afaste-se a ANA do negócio do novo aeroporto e abra-se um concurso público para um novo aeroporto em regime de "Design, Build, Finance, Operate", sem quaisquer garantias de monopólio, sem prometer o encerramento da Portela e sem qualquer aval sobre financiamentos por parte do estado. Se aparecer algum consórcio a jogo, então a OTA é viável.
Claro que o governo não vai fazer nada disto. O governo vai garantir não só o encerramento compulsivo da Portela como vai entregar o monopólio de mão beijada a um só consórcio, vai também liderar o processo de expropriações e ajudará a viabilizar financiamentos avalizando todos os riscos que se mostrarem difíceis de cobrir.
E mesmo assim a OTA só será viável porque nas contas não se vai entrar em linha de conta com outros custos. Por exemplo, os custos que todos os passageiros vão suportar nas acrescidas taxas de aeroporto; os custos acrescidos de deslocação que milhares de trabalhadores e milhões de passageiros vão ter que suportar para se deslocarem da zona da grande Lisboa para o Ribatejo, o custo da nova auto-estrada que será obrigatoriamente construída (ou o alargamento das actuais) para permitir o maior afluxo de veículos entre a OTA e Lisboa e cujas portagens serão também pagas pelos consumidores ou ainda as perdas sentidas pelo turismo pela menor competitividade da cidade de Lisboa.
É como se diz aqui. Uma nova auto-estrada Porto-Lisboa também é economicamente viável desde que a actual A1 seja convertida numa pista para bicicletas.
2. A Falácia dos Privados
"Estão a ver, olha aqui no DN, estavam todos com problemas por causa do défice, afinal vai ser tudo feito por privados, já os calaram", dizia-se hoje na minha mesa de almoço.
Seria muito bom se assim fosse. Para o projecto Ota ser verdadeiramente privado o estado deve abster-se de garantir aos investidores, mais uma vez, coisas como exclusividade ou monopólios, garantias públicas ou preços garantidos. Em situação alguma o estado deve assinar qualquer contrato, garantia, confortos ou side letters com os concessionários ou com as entidades financeiras que se estão a alinhar para financiar o projecto, para lá nas habituais licenças necessárias para desenvolver qualquer actividade económica.
De outro modo não é privado. É uma mistura de SCUT, em que não se paga no tempo deste ministro mas paga-se no tempo dos próximos, com um utilizador/pagador em que a portagem são os "impostos diferidos" na forma de preços artificialmente altos que serão suportados em excesso pelos consumidores de viagens aéreas.
3. A Falácia das Avaliações.
Ao que parece o governo vai publicar estudos económicos feitos pela banca de investimentos. Não preciso ler os estudos para saber o que por lá consta: a Ota é um excelente projecto, com uma TIR entre 11% e 13%, e com um worst case scenario em que a taxa de rentabilidade baixa para os 7%.
Já fiz muitos do género para saber que é assim. O estado raramente quer saber da viabilidade económica de um projecto. O estado pretende quase sempre algo diferente. Em vez de se avaliar o mérito de um projecto baseado num conjunto de pressupostos, pretende-se encontrar o conjunto de pressupostos que melhor viabilizam o projecto. Nesses pressupostos incluem-se todas as garantias e alcavalas necessárias para tornar qualquer nado-morto sem pés nem cabeça numa apelativa mina de ouro para os investidores.
A banca de investimentos, a quem foi entregue a responsabilidade dos estudos, é um dos principais grupos beneficiários de projectos como o da Ota. Basta fazer contas. 1% a 2% de comissões sobre 4 ou 5.000 milhões, para estudos, consultadorias, fees de montagem das operações e de montagem de sindicatos. É difícil dizer que um projecto destes que nos acena com sorriso tão largo não vale a pena. Vale sempre. Mesmo que seja péssimo para outros, é sempre bom para a banca de investimentos. E neste caso, como em quase todos os outros, quem faz o frete ganha o contrato.
A banca comercial, espera, paciente. Já se sabe que para qualquer pedrinha que se encontre no caminho, há um estado que se atravessa e limpa a estrada. Nenhum banco nacional vai querer ficar fora dos sindicatos bancários. Nem todos conseguirão o convite, mas a maior parte vai ter a sua fatiazinha, na proporção da importância relativa de cada um. Todos os participantes vão conseguir aplicar uma parte significativa dos seus recursos disponíveis num excelente projecto risk-free, suportado pelo grande e descuidado accionista Portugal. Não há nada melhor do que isto. É ver as acções dos bancos em alta, assim que a coisa atingir o ponto de não retorno, à medida que os nomes dos vários sindicantes vão sendo conhecidos nos mercados.
O Project Finance será, como sempre, muito bem estruturado, com todos os riscos privados bem identificados, bem cobertos e, nos casos mais complicados em que as companhias de seguros ou as relações contratuais não o permitem, garantidos pelo pai estado. E durante meia dúzia de anos todos estes bancos vão poder aligeirar as suas estruturas comerciais porque a OTA absorve uma parte significativa das novas carteiras de crédito. Dinheiro aplicado na OTA, a longo prazo, é carteira que não precisa de ser renovada todos os anos no competitivo mercado de crédito português.
Parece que ninguém perde. Mas não é bem assim. Os recursos que vão para a OTA não vão para o resto da economia. Nos próximos tempos, as empresas privadas vão sentir maiores dificuldades em encontrar fundos para os seus projectos e as taxas de juro vão subir devido à diminuição da oferta de dinheiro. Toda a actividade económica vai pagar em juros mais altos a opção OTA. E claro, alguns investimentos ficarão pelo caminho por falta de financiamento disponível.
As empresas que vão dedicar parte significa das suas capacidades ao novo aeroporto, não vão ter a mesma disponibilidade para as alternativas que o mercado exige. Os preços vão aumentar no mercado da construção e nas actividades relacionadas e de suporte. O mercado imobiliário vai ser o mais castigado. Alta do preço da construção a par da alta do preço do dinheiro é um sinal de dias negros para o sector. A verdade é que perdemos quase todos, excepto os bancos e as construtoras.
É por estas e por outras que os estudos que vão ser apresentados pelo governo não valem nem o custo do papel em que são impressos. Afinal, para que é que interessam estudos quando a decisão já está tomada?"
So acrescentaria....se a OTA for para frente está mais que provado que existem lobys fortissimos e dominantes...que só não são denominados por máfia por pudor ou receio.
Abaixo a máfia politica e os bastiões sombra...
Após este longo e interessante comentário devo dizer que há algumas coisas com as quais não concordo minimamente começando pelo espírito de quem escreveu e se esqueceu deliberadamente de alguns "pormenores" como são os efeitos positivos desta obra pública na economia, uma obra deste tipo alavanca sempre positivamente uma economia, há exemplos históricos neste sentido.
Depois também se esquece que em termos de alternativas de localização, essas existem sempre, e a escolha de um local é sempre polémica, e também quem escreveu deve saber que não é possível explorar ao mesmo tempo um aeroporto como a Portela ou a OTA com, p ex, Alverca, e isto foi dito por peritos do aeroporto de Paris.
Quanto a questões de concorrência também não penso que o que se escreveu seja muito sério pois o monopólio existente e que continuará é mais do que natural e assim acontece em todo o Mundo. A concorrência que terá de haver é em termos de aviões e não de estrutura.
A Portela para ser alargada teria de, p ex destruir 11 mil fogos habitacionais, sim, são 11 mil, com os custos que isso acarretaria.
Quanto à falácia dos privados ainda concordo menos com o que se escreve.
Há uma parceria público-privada clara, não é totalmente privada e nunca poderia ser. Uma obra desta envergadura tem sempre de ter a garantia do Estado.
E o autor do texto sabe-o pois fala do Project Finance que será o suporte de toda a engenharia financeira e este instituto é crucial para o bom desenvolvimento do projecto. E o projecto não é exclusivamente privado, mais, passará a ser público a partir de 2039, altura do fim da concessão.
Este período de concessão é sempre necessário, é um dos pressupostos do Project Finance numa análise de Build Operate and Transfer normal neste tipo de obras, é a garantia de financiamento da obra por parte dos privados.
Mais, este sistema é o usado recorrentemente em obras de grande relevo como foi a ponte Vasco da GAma, os Estádios do EURO 2004 e até de alguns hospitais.
É normal que os privados tenham lucros, não poderia ser de outra forma. Algum privado arriscaria num projecto sem retorno?
Mais importante do que isto é que com um bom Project Finance blindam-se riscos, financiamentos e dinheiro entrado. Há um ring fence que evita que haja transferências de dinheiro de dentro para fora do Porjecto mantendo a sua viabilidade financeira intacta.
O que se financia é mesmo o Porjecto e não as empresas que o constituem.
Apesar de estar a alongar-me devo dizer mais uma coisa, sim, as taxas de juro vão subir, mas vão subir na zona Euro como já está projectado para agora.
Os recursos que vão para a OTA não iriam para outro lado, ao contrário do que o autor afirma, e vão para ali por ser um bom projecto. Depois diz que pelos vistos perdemos todos mas será que perdem as pessoas que estão desempregadas e terão ali uma oportunidade de emprego? Será que perdem as empresas que terão ali oportunidades de negócio? Será que perde a economia por ter ali um projecto que mexe com todos os sectores de investimento?
Porque é disto que se trata... investimento que, numa altura de quase recessão é importantíssimo.
Por tudo isto, creio que, apesar de ser um texto interessante não deixa de ser demasiado tendencioso e peca por falta de rigor. É uma opinião, como também é esta, mas temos de tentar ver as coisas na sua globalidade.
Outro pormenor: este aeroporto já se sabia que iria ser feito, só faltava saber quando é que haveria um Governo com coragem de o assumir em vez de facilmente o adiar.
Respeito a sua opinião, no entanto há uma série de paragrafos que gostaria perceber melhor no seu comentário.
A primeira será, O dr Paulo Marques concorda com a construção do aeroporto na OTA?
(constitui aquele a melhora opção para a construção do novo aerorporto, nunca pos em causa que um novo aeroporto é necessário)
A segunda prende com o retorno que a construção naquele local representa versus alternativas? Aqui poderão ser questionados os meios de acesso a lisboa, será admissivel para um visitante espanhol, por hipotese, perder o mesmo tempo da OTA a lisboa do que do aeroporto de madrid à OTA?
(Rio Frio por exemplo), também neste ponto fiquei sem perceber se o dr Paulo Marques é da opinião que ali é efectivamente o mais rentavel?
(a associação de turismo calaculou uma perda de cerca de 16% de receitas vindas do turismo em lisboa, um estudo apresentado pela mesma equipa, que o dr Paulo cita, afirma que cerca de 12% dos passageiros hesitaram ao saberem a distância que os separa do lisboa, aliás este estudo e números foram amplamente debatidos na Sic Noticias por uma série de entidades envolvidas ou conhecedoras da matéria.)
Relativamente a toda a engenharia económica (de que são ex. Project Finance, Ring Fence,Business Cases, e outros estrangeirismos)tenho as minhas dúvidas quando se fala de uma empreitada que poderá escalar aos 3000 milhões de euros (fonte: NAER)e citando-se como argumento outras obras emblemáticas onde a derrapagem com o mesmo tipo de medidas foi aquela que sabemos (daria como exemplo o estádio do braga onde rodou percentualmente 150% de derrapagem)...sabe nestas situações e nestes valores é necessário avaliar as hipóteses que temos e assegurar que é a MELHOR SOLUÇÃO.
Como alguém escrevia ontem num jornal, a decisão da localização é sempre em última análise, política. E também, pela mesma ordem de razão, criticável.
Quanto à distância,serão 20 minutos creio eu, logo, é pouco relevante até porque terá comboios e estação de TGV.
Depois quanto aos estudos em relação a turismo há vários e alguns até contraditórios mas, naturalmente também não creio que os turistas quando ponderam ir a Lisboa estejam a pensar ou a informar-se quanto tempo se leva do aeroporto à cidade ,será o aeroporto de Lisboa.
Como alguém dizia ontem, quando a Portela foi escolhida, o mesmo argumento foi utilisado... ficava longe.
Por isso aceito a decisão OTA sem dramas, como aceitaria qualquer das outras, não sou especialista na matéria.
Agora, quanto ao que fala em último das derrapagens, apenas lhe digo q nesse caso que menciona como em outros quanto teve o Estado que pagar a mais pela derrapagem? Zero. Essa é a realidade. E esta é também a vantagem desta engenharia económica, quem está dentro do Projecto é q acarreta com as consequências de eventuais derrapagens e prazos.
Espero que tenha sido claro, mas se não fui, peço desculpa.
Lobys e mais lobys? São eles que mandam em qualquer país! Como é possível estar tanta gente contra a OTA por exemplo, grandes economistas, grandes empresários como Ludugério Marques e Belmiro de Azebedo, fez-se um grande debate no Pós e Contras à tempos na RTP1…dizem os entendidos que só permite e X numero de pistas e de mangas…não permite a sua expansão, porque as características do terreno não permitem o alargamento futuro…mas insiste-se … quem manda os LOBYS…
Localmente por exemplo! Foi feito algum estudo de mercado para sabermos a viabilidade económica ou financeira do Auditório Municipal Carlos Paredes (este senhor deve ser do concelho para ter tal honra???). Não! Alguém sabe quanto custa ao concelho manter este elefante branco a pão de lõ? È bonito ter cultura…é sim senhora…mas existe GENTE…para manter isto. Já repararam que Vila Nova de Paiva está deserta, parece uma vila fantasma…poucos alunos, pouco comercio, pouca construção…não seria melhor aplicar o dinheiro dos nossos impostos em investimentos vitais? Sabiam que o parque industrial não tem lotes para atribuir? (não esquecer que aqui o sr. Eng.º Diogo Pires esteve muito bem, pegou num monte de terrenos cheios de pedras e começou um verdadeiro parque industrial, mas na promoção deste esteve muito aquém). E, se aparece uma boa empresa com intenção de se instalar, como é que é? Vai-se embora? Perde-se a oportunidade de criar 40 ou 50 locais de trabalho directos. Vão estas pessoas continuar a ir para fora? Só porque temos que manter vivo um elefante e parece mal mandar fechar a porta? Cultura para 12 pessoas? E as outras 3.000 pessoas? Vamos apontar uma pistola à sua cabeça e obrigá-las a vir ao teatro? Sabiam que se gastavam rios de dinheiro em publicidade para o auditório, correios, gráficas, logótipos, alimentação, dormidas, etc….(…)… e qual foi o RETORNO???? …ZERO…proponho que se gaste este dinheiro em publicidade a promover o concelho, a atrair empresas para o concelho, dar melhores condições às empresas e comerciantes para se instalarem em Vila Nova de Paiva. Nós temos que dar melhores condições que o Sátão, Moimenta e Castro Daire, senão elas vão para lá. Se assim não for …AMEN…
Miguel Magalhães
mdois@msn.com
Após ter lido vários artigos e de me ter documentado, acho que é unânime a opinião de que é necessário tomar alguma decisão relativamente ao aeroporto da Portela. Agora daí até se construir um aeroporto novo, ainda para mais na OTA já não me parece concensual.
Na minha humilde opinião estamos perante mais um elefante branco tão tipico dos Portugueses. Queremos parecer grandes aos olhos europeus, mas deviamos em primeiro lugar arrumar a casa e só depois tratar do resto, 1º está o essencial e só depois vem o acessório, pq apesar de não ser Eng Civil uma casa constroi-se pelos alicerses e não pelo telhado.
Pq será que apenas a classe politica no geral e um ou outro debutante defendem acerrimamente o novo aeroporto na OTA ? Pq é que as pessoas da sociedade quer sejam de esquerda ou de direita criticam tanto esta tomada de decisão ?
Já aqui foi dito que este foi o governo que resolveu o assunto, mas meus amigos entre não resolver ou resolver mal o que será melhor ? Venha o diabo e escolha. Pq as contas são fáceis de fazer: estamos perante um investimento que custará varios mil milhões de euros, mt dinheiro portanto. Para quem não sabe se o aeroporto for feito na OTA, tal como o projecto está actualmente daqui a 30 anos, ou melhor depois de estar construido, passado 30 anos será necessário aumentar o novo aeroporto, e o actual local é exiguo e não suportará mais que duas pistas. Relembro que o aeroporto de Barajas em Madrid acabou de ser construida a 5ª pista e existe um em Denver nos EUA que já vai para a 12ª pista. Isto para não falar dos variadissimos estudos que dizem que a nivel de ventos aquela zona não é muito boa.
Qt ao financiamente, fala-se que a União Europeia irá pagar grande parte. Mentira... Isto só será verdade se o estudo investimento/retorno atingir uns dados parâmetros definidos por eles, parâmetros esses que são metas muito altas, para além de que este estudo ainda nem sequer foi feito.
Por isso, NÃO ao aeroporto na OTA, NÃO aos elefantes brancos, NÃO à pequenez de quem nos governa e sobretudo NÃO ao clientelismo politico...
Até breve
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