4/18/2006

Para meditar...



"Na Noruega, o horário de trabalho começa cedo (às 8 horas) e acaba cedo (às 15.30). As mães e os pais noruegueses têm uma parte significativa dos seus dias para serem pais, para proporcionar aos filhos algo mais do que um serão de televisão ou videojogos. Têm um ano de licença de maternidade e nunca ouviram falar de despedimentos por gravidez."

"A riqueza que produzem nos seus trabalhos garante-lhes o maior nível salarial da Europa. Que é também, desculpem-me os menos sensíveis ao argumento, o mais igualitário. Todos descontam um IRS limpo e transparente que não é depois desbaratado em rotundas e estatuária kitsh, nem em auto-estradas (só têm 200 quilómetros dessas «alavancas de progresso»), nem em Expos e Euros."

"É tempo de os empresários portugueses constatarem que, na Noruega, a fuga ao fisco não é uma «vantagem competitiva». Ali, o cruzamento de dados «devassa» as contas bancárias, as apólices de seguros, as propriedades móveis e imóveis e as «ofertas» de património a familiares que, em Portugal, país de gentes inventivas, garantem anonimato aos crimes e «confundem» os poucos olhos que se dedicam ao combate à fraude económica."

"Mais do que os costumeiros «bons negócios», deviam os empresários portugueses pôr os olhos naquilo que a Noruega tem para nos ensinar. E, já agora, os políticos.
Numa crónica inspirada, o correspondente da TSF naquele país, afiança que os ministros não se medem pelas gravatas, nem pela alta cilindrada das suas frotas. Pelo contrário, andam de metro, e não se ofendem quando os tratam por tu. Aqui, cada ministério faz uso de dezenas de carros topo de gama, com vidros fumados para não dar lastro às ideias de transparência dos cidadãos. Os ministros portugueses fazem-se preceder de batedores motorizados, poluem o ambiente, dão maus exemplos e gastam a rodos o dinheiro que escasseia para assuntos verdadeiramente importantes."

"Mais: os noruegueses sabem que não se «projecta o nome do país» com despesismos faraónicos, basta ser-se sensato e fazer da gestão das contas públicas um exercício de ética e responsabilidade. Arafat e Rabin assinaram um tratado de paz em Oslo. E, que se saiba, não foi preciso desbaratarem milhões de contos para que o nome da capital norueguesa corresse mundo por uma boa causa."

"Até os clubes de futebol noruegueses, que pedem meças aos seus congéneres lusos em competições internacionais, nunca precisaram de pagar aos seus jogadores 400 salários mínimos por mês para que estes joguem à bola.
Nas gélidas terras dos vikings conheci empresários portugueses que ali montaram negócios florescentes. Um deles, isolado numa ilha acima do círculo polar Árctico, deixava elogios rasgados à «social-democracia nórdica». Ao tempo para viver e à segurança social."

"Ali, naquele país, também há patos-bravos. Mas para os vermos precisamos de apontar binóculos para o céu. Não andam de jipe e óculos escuros. Não clamam por messias nem por prebendas. Não se queixam do «excessivo peso do Estado», para depois exigirem isenções e subsídios."


É tempo de aprendermos que os bárbaros somos nós.
Seria meio caminho andado para nos civilizarmos

5 Comments:

At 4/18/2006 7:50 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Excelente artigo, este publicado no "Barrelas a debater".
De facto, a Noruega é um óptimo exemplo de um país organizado, produtivo e muito civilizado.
Outros países da Europa poderiam ser citados, em relação aos quais tenho uma elevada estima: Holanda; Dinamarca; Suécia; Finlândia...
O nosso 1º ministro ficou surpreendido na recente visita que efectuou à Finlândia; um país onde a aposta na educação, na formação, na inovação e na tecnologia não é comparável com o nosso país. A NOKIA finlandesa é um Case Study analisado a nível internacional.
Estou agora a ouvir o noticiário na TVI e aproveito para citar o Miguel Sousa Tavares que está a afirmar (por outras palavras) que nós portugueses, para o país que somos, consumimos em excesso. Ele refere também a produtividade inferior de Portugal em relação à média dos nossos parceiros da União Europeia.
Ou seja, temos índices de produtividade inferior e uma tendência para um consumo acima da média!
Este tema lançado para meditar é estimulante. No entanto, creio que o segredo para o êxito económico dos países referidos reside essencialmente na educação, formação e na aposta nas Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTIC).

 
At 4/18/2006 11:20 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Já agora, registo aqui alguns indicadores económicos acerca da Noruega (2001-2004):

- Crescimento real do PIB: 1,9% em 2000 / 2,5% em 2004;
- Inflacção: 3% em 2000 / 2,5% em 2004;
- Saldo do sector público (% do PIB): 14,8 em 2000 / 10,1 em 2004;


São mais alguns dados para meditar!

No web-site do ICEP há informação disponível sobre a Noruega e os restantes países nórdicos...

 
At 4/20/2006 12:05 da manhã, Anonymous Anónimo said...

A Noruega apenas é o país que regista o maior IDH - Indice de Desenvolvimento Humano, no mundo (ver Relatório do Desenvolvimento Humano 2005, publicado para o PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento)

 
At 4/21/2006 4:59 da tarde, Anonymous Anónimo said...

O que aconteceu ao Blog Barrelas?

 
At 5/02/2006 1:44 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Já agora, os textos citados devem ser atribuídos. Imagino seja assim que se faça na Noruega

 

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