2/09/2006

Radicalismo Islâmico - de Maomé à liberdade de Expressão


Numa sociedade globalizada como é a nossa actualmente, o problema desencadeado pelas caricaturas de Maomé (que incendiaram o mundo islâmico - qualquer coisa como 1300 milhões de pessoas!) faz-nos pensar e certamente questionar:

Justifica-se tal radicalismo na forma de protesto?

Justifica-se esta destruição e terror como retribuição?

Poderá estar a nossa liberdade de expressão posta em causa quando o tema é religião?

Terá o islamismo de ser um tema diferente de qualquer outra religião ou crença?


Deixamos o link para este manifesto (vale a pena ler, subscrever é critério de cada um)


Diga de sua Justiça (com toda a liberdade de expressão)....

6 Comments:

At 2/10/2006 9:58 da manhã, Anonymous Anónimo said...

«Tudo o que pode ferir as convicções de outros, em particular as convicções religiosas, deve ser evitado. A liberdade de expressão deve ser exercida no espírito de responsabilidade».

Jacques Chirac, Presidente de França


Antes de mais, acho estranho que um homem que proibiu o uso de véus pelas raparigas muçulmanas nas escolas francesas diga isto. Porque mais não fez do que o contrário que agora diz. Ao proibir o uso do véu, Chirac e o governo francês «feriram as convicções de outros, em particular as convicções religiosas». Mas agora Chirac mudou de opinião. Chirac vacilou perante o medo. Chirac, o homem que está à frente do país que fez a Revolução Francesa, acha que há que haver limites à liberdade de imprensa, quando esta «fere as convicções de outros, em particular as convicções religiosas».

Chirac não fala em ofensa de direitos. Fala em ofensa de convicções. Ou seja, fala, a meu ver, de uma subserviência, de uma auto-censura dos países democráticos, em nome de convicções religiosas. Ou seja, fala de calar opiniões diferentes, ainda que legítimas, porque legítimas são todas as opiniões.

E quando estas interferem com outros direitos, ou seja, quando a minha liberdade põe em causa a liberdade dos outros - e não as suas CONVICÇÕES - devem e podem ser accionados os meios para punir quem prevaricou. Esses meios são os tribunais, as manifestações pacíficas, os abaixo-assinados, esses mecanismos sem violência que nos habituámos a utilizar, nós os que vivemos em democracias.

Mas façamos então o exercício que pede Chirac e não ofendamos convicções religiosas.

Vamos lá:

«Em nome de assegurar o respeito pelas convicções religiosas, todo e qualquer cidadão deve abster-se de emitir opinião contrária a determinados preceitos e dogmas instalados e seguidos por um sem número de outras pessoas que professam um outro sem número de crenças.

Dão-se como exemplos:

- Não caricaturar o profeta Maomé.
- Não caricaturar Jesus Cristo.
- Não colocar o Papa em situações incómodas, como já foi feito quando um cartoonista decidiu vestir-lhe o nariz com um preservativo.
- Não dar voz, muito menos mostrar casais homossexuais, porque tal vai contra os preceitos de família preconizados pela Igreja Católica.
- Não abrir lojas ao sábado, pois isso fere os preceitos do judaísmo.
- Não falar, escrever, ou desenhar sobre a despenalização do aborto pois isso ofende convicções de um sem número de crenças.
- Não publicar revistas com mulheres semi-nuas, já para não falar de homens semi-nus ou completamente nus.
- Banir dos livros de receitas tudo o que meta carne de vaca, não vá um hindu ofender-se.
- Proibir tudo, mas tudo e todos aqueles que levam vidas libertinas, falam delas e até as colocam em filmes.
- Ameaçar de morte imediatamente Dan Brown pois escreveu a blasfémia mor - a de que Jesus Cristo tinha filhos com Maria Madalena.
- Proibir as mulheres de falarem em público.

Estes são apenas alguns exemplos, mas muitos outros existirão. Pede-se então a todos aqueles que têm acesso ao espaço público que se informem sobre todas as convicções religiosas existentes no mundo, para que, ao emitirem opiniões, não as ofendam.»

Até porque, como se sabe, os senhores que estão muito indignados, ao ponto de matarem, queimarem e ameaçarem, são os primeiros a respeitar as convicções religiosas dos outros. Democracia e respeito é com eles. E se nós, como eles (e eles aqui são os terroristas e os fundamentalistas, não os muçulmanos em geral porque muitos há que são democratas) passarmos a ter respeitinho por tudo o que é convicção - porque afinal somos europeus e não vamos agora entrar numa de respeitar apenas uma religião e ignorar todas as outras - vamos então viver muito melhor, caladinhos, agachadinhos e felizezinhos na nossa quietude e pacatez. Sem criticar, sem questionar, sem lamentar, sem discutir.

NÃO ME PARECE...

 
At 2/13/2006 11:10 da manhã, Blogger PTM said...

A questão que aqui se levante liga-se com a liberdade de expressão e de inprensa vs convicções religiosas e o seu respeito.
A meu ver acho que as duas ideias são perfeitamente compatíveis. Acho perfeitamente absurdo tudo o que se passa neste momento no mundo muçulmano mas consigo-o perceber à luz do radicalismo e fanatismo religioso que por lá se vive.
Não podemos querer que a fé de um fanático seja compatível com algum princípio que lhe seja primariamente hostil.
Quanto ao papel da sociedade europeia deve passar não por condenar o cartoon nem por condenar os fanáticos.
O cartoonista levou à prática a sua arte quer queiramos quer não e não há temas tabus para um cartoonista. COm o exemplo que aqui se deu, quando um cartoonista português pôs um preservativo no nariz de João Paulo II fê-lo com uma consciência crítica assaz relevante e, na altura também muitos católicos protestaram e se indignaram, padres falaram e bispos quase excomungaram.
Em ultima ratio a diferença entre crentes não é assim tanta, a única diferença é o radicalismo e fanatismo apoiado e incentivado por líderes religiosos e políticos sedentos de conflitos.
A nossa sociedade é mais aberta, mais tolerante mas temos de compreender aquelas sociedades que o não são por estarem num estádio de desenvolvimento ainda um pouco retrógrado ou simplesmente porque são diferentes e vêem o mundo com olhos diferentes o que também é legítimo.
Não podemos querer que o Mundo inteiro seja como nós e pense como nós, esse é talvez o maior erro cometido pela sociedade Ocidental e esse erro paga-se caro todos os dias em África como se vai pagar caro todos os dias no Mundo árabe sempre que se tente impôr modelos civilizacionais desadequados para a realidade.
A mudança tem de partir de dentro, têm de ser os cidadãos de cada Estado a levá-lo à prática, não podemos querer que sejam forças externas a impôr democracias ou modelos de Governo que pouco dizem às pessoas desses locais.
Continuemos prezando as nossas liberdades e a liberdade de imprensa é uma delas.

 
At 2/15/2006 10:43 da manhã, Blogger Viperina said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

 
At 2/15/2006 10:52 da manhã, Blogger Viperina said...

Concordo com os comentário anteriores: ZP e o direito à liberdade de expressão; PM e as diferenças culturais que nos separam do mundo islâmico e que dificultam o entendimento destas manifestações.

Quero só destacar que a forma de manifesto destes ditos seguidores de Maomé é violenta, é exagerada, é reprovável e quanto a mim fá-los perder toda a razão, mesmo que a tivessem.


Mas se concordo com os comentários anteriores Não CONCORDO minimamente com o o Ministro dos negócios estrangeiros nesta matéria e com apoio, através do silêncio, do primeiro ministro e nesse sentido transcrevo em seguida um texto de autoria de Constança Cunha e Sá que vai de encontro ao que penso:

"O silêncio do primeiro-ministro foi, hoje, devidamente interpretado pelos seus assessores: “O primeiro-ministro está solidário com as declarações do ministro dos Negócios Estrangeiros no sentido do apelo à responsabilidade no uso da liberdade de expressão e na defesa de todas as iniciativas para promover a paz e o diálogo entre os povos e as civilizações”.
Confirma-se assim que perante a crise internacional aberta pela publicação dos cartoons sobre Maomé, o Governo português considera: a) lamentável a publicação dos cartoons que ofendem símbolos sagrados do Islão; b) compreensível a violência islâmica que se abateu sobre alguns países ocidentais; c) um dado adquirido que “o maior agressor temos sido nós”. E isto, como explicou o ministro dos Negócios Estrangeiros, “para já não falar das Cruzadas, que vão longe mas que estão presentes como alguma coisa que se passou anteontem, para já não falar da colonização de África e de vários povos islâmicos e asiáticos, para já não falar da política de canhoneira seguida pela Inglaterra”. Por último e perante a gravidade da situação, o Governo português sugere a realização de um campeonato de futebol entre árabes e europeus.
Confesso que, depois disto, tenho uma única dúvida: não há ninguém no Governo que tenha um mínimo de vergonha?

 
At 2/18/2006 4:16 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Visitem

http://terrasdodemovnp.blogspot.com/

Obrigado,
Terrasdodeo

 
At 2/20/2006 9:37 da tarde, Blogger Viperina said...

Alguém me pode informar "em que pé" estão o plano de actividades e o orçamento?

Ou me passou despercebido ou começa a ser algo tardio a sua finalização, não concordam?

Cumprimentos

 

Enviar um comentário

<< Home